"Jogos de criança não são esporte e deveriam ser sua mais séria ocupação."
Montaigne
O que será que acontece quando as crianças estão brincando? Para um educador atento, muitas coisas importantes estão ocorrendo como assimilação e apropriação da realidade humana, construção de hipóteses, elaboração de soluções para problemas, enriquecimento da personalidade.
É por meio da brincadeira que a criança explora os seus sentidos, começa a dominar a coordenação motora e a adquirir a linguagem. A necessidade de construir um espaço que não seja só realidade nem só fantasia é algo característico da criança, pois é onde organiza as experiências que vai vivendo e às quais vai dando um sentido. As brincadeiras estão relacionadas com o que se passa por fora e por dentro da imaginação. Nesses momentos exercita e organiza o pensamento, a noção de individualidade e a capacidade de conviver com o outro. Simbolicamente e sem se dar conta, a criança exprime seus medos, desejos, experiências. A fase da brincadeira simbólica, construída gradativamente, propicia que a linguagem evolua com mais rapidez.
Aos dois anos, a criança entra no mundo da imaginação e até aos quatro a fantasia tem um peso muito grande na sua vida, nas brincadeiras e nas diversas atividades lúdicas que desenvolve. À medida que vai crescendo, a criança vai tendo a noção da realidade e, a partir daí, vai relacionando essa realidade à imaginação.
Para Rousseau, a primeira fase da educação da criança deveria ser permeada basicamente pelos jogos: "ame a infância; estimule seus jogos, seus prazeres, seus encantadores instintos. Considere o homem no homem e a criança na criança. A natureza deseja que as crianças sejam crianças antes de serem homens. Se tentarmos inverter a ordem produziremos frutos precoces, que não terão nem maturação nem sabor, e logo estarão estragados".
Vygotsky, ao discutir o papel do brinquedo, evidencia particularmente o "faz-de-conta". Nesses momentos, tudo que está ao alcance das suas mãos se transforma em personagens para seu jogo dramático.
É dentro dessa abordagem lúdica e despretensiosa que o teatro na Educação Infantil deve acontecer.
Profª Maria Elizete Serra Alves