Durante os anos iniciais, movimentar-se é essencial para o desenvolvimento dos bebês, não só motor, como também cognitivo e afetivo. Eles nascem naturalmente curiosos pelos movimentos e é a partir das primeiras tentativas que iniciam suas descobertas sobre as pessoas, os objetos e o mundo. A evolução psicomotora dos bebês é facilmente observada quando os vemos aprendendo a agarrar e a soltar objetos, sentarem-se sozinhos e começarem a andar.
Essas conquistas têm um significado enorme para eles que começam, gradativamente, a compreender que podem exercer controle sobre o ambiente, e que a competência motora deles tem valor social quando notam a alegria dos pais diante dos primeiros passos ou da tentativa de levar a colher à boca.
Os primeiros movimentos que as crianças, em geral, aprendem estão diretamente relacionados ao amadurecimento do sistema nervoso que, pouco a pouco, propiciam maior controle neuromuscular.
Desde o inÃcio da vida de uma criança, tanto do ponto de vista psicológico quanto motor, é importante que lhe seja garantidas liberdade e espaço apropriado para explorar o ambiente a sua volta. Dessa forma, ela pode desenvolver essas primeiras competências motoras, que serão essenciais para que, nos anos seguintes, seja capaz de aprender novos movimentos, adquirindo competências cada vez mais complexas. Para isso, dois elementos são fundamentais: oportunidade de prática e encorajamento.
Erroneamente, muitos adultos acabam por "superproteger" crianças pequenas por as julgarem ingênuas e indefesas e, com a intenção de evitar machucados e bagunça, acabam restringindo suas possibilidades de se movimentar, limitando, assim, o desenvolvimento delas.Esse tipo de intervenção pode, mais tarde, acarretar em consequências negativas em relação à prática de atividade fÃsica.
Os adultos - pais, responsáveis ou educadores - devem oferecer espaços apropriados seguros para que elas se movimentem, corram, pulem, subam e desçam degraus e, com isso, todas as pequenas conquistas da criança, bem como suas tentativas frustradas, mereçam reforço positivo. Isso significa que, ao contrário de correr em direção à criança após um pequeno tombo e dar-lhe uma bronca, o adulto deve apoiá-la e encorajá-la para que ela tente novamente. Assim, a criança desenvolverá habilidades motoras e competências afetivas, como autoconfiança, e autoestima necessárias para se dedicar mais adiante à prática de atividades fÃsicas e esportivas mais organizadas.
As experiências de sucesso vivenciadas pelas crianças, com o apoio e o encorajamento assertivos vindos dos cuidadores, serão determinantes para que elas sintam-se confiantes em relação às suas competências corporais. A ausência do medo de cair ou errar permitirá que elas continuem gostando de aprender novos movimentos e adquirir novas habilidades motoras, como aprender a chutar a bola e a dar cambalhotas.
Isso tudo é o que garantirá uma base sólida sobre a qual a criança construirá seu repertório motor e sua autoestima. Esses são pré-requisitos fundamentais para que ela se torne uma pessoa ativa e tenha prazer de movimentar-se.
Texto adaptado: Profª Maria Elizete Serra AlvesTexto de Paula Korsakas, mestre em Pedagogia do Movimento Humano pela Escola de Educação FÃsica e Esporte da USP.