Há sempre uma grande preocupação quando as crianças da Educação Infantil passam para o Ensino Fundamental (1º ao 9º ano). Nem todas têm a sorte de serem recebidas com espaço e profissionais com pré-requisitos para acolhê-las e para respeitar o seu Universo. E esse é um problema real e atual, onde muitas propostas de métodos são oferecidas e poucos são verdadeiros e têm bons resultados.
Os profissionais raramente têm formação e orientação antecipada para que se possa mudar seu olhar e compreender que as crianças continuam bochechudas e sonhadoras, ainda esperançosas por correr, brincar, conversar, mostrar tudo o que fazem ao amigo.
Recortar, colar, desenhar, pintar, brincar com argila, folhinhas, tampinhas coloridas, colecionar, perguntar o porquê de um monte de coisas, fantasiar e fantasiar-se, encenar e ouvir muitas historinhas sentados no chão, aprender cantando, cantar muito e se deliciar no mundo da leitura e da escrita, da matemática. Tudo isso deve acontecer sem sofrimentos, sem gritos, incoerência de atitudes, sem castigos porque querem brincar, querem ser crianças. Ainda transitam na fase do "deleite" e estão sendo acolhidas em "camas de Procusto", achatadas, sufocadas, caladas.
O curso natural de possÃveis vivências felizes é interrompido para ser "enformado" no que se considera escola de Ensino Fundamental. O sistema mudou e precisamos compreender que as crianças estão indo um ano antes para o Ensino Fundamental, mas a natureza não acelerou os processos de desenvolvimentos delas desde a gestação por conta dessas alterações. É muito importante respeitarmos seu ciclo de formação e seu tempo de vida.
Necessitamos estar abertos para os novos paradigmas, porém conscientes de muitos significados para serem refletidos. Nossa matéria-prima a ser trabalhada é o ser humano ainda pequeno, indefeso, inocente e cheio de vivacidade. Um deslize e imprimimos marcas profundas e dolorosas em sua vida e em seu autoconceito, com possÃveis reflexos em outros segmentos.
Adaptação - Profª Maria Elizete Serra Alves
Fonte: Elvira de Souza Lima - Pedagoga e Psicopedagoga, Pós-graduada em Psicopedagogia e Educação Especial na área de deficiência auditiva