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Formação de professores, um ato de respeito em busca da verdadeira educação - parte 1



A experiência em trabalhar diretamente com a formação de professores da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, ao longo de tantos anos, é muito importante. É, com certeza, um privilégio poder interagir com uma grande diversidade de profissionais. Aprendo sempre com todas essas pessoas.

Qualquer que seja a proposta ou metodologia a ser implantada, precisa partir do conhecimento pedagógico dos professores, e também é preciso considerar o processo de desenvolvimento humano do adulto. Um professor de 22, 28 anos tem características bem diversas de um professor de 40, 50 anos, encontram-se em momentos diferentes da idade adulta.

Em geral, a tendência é tratar os professores indistintamente por serem adultos, considerando que estejam todos em um mesmo período de desenvolvimento. Não é assim. Eles não se diferenciam somente pela experiência pedagógica, mas principalmente pelo desenvolvimento cultural e pela vivência dos processos biológicos da nossa espécie.

A importância de considerar o eixo cultural do professor é a melhor maneira de garantir a dimensão criativa e a geração de ideias que a docência exige, é assegurar o bom aprendizado de cada aluno. Para ensinar bem, o professor depende de acervos de memórias abundantes em conteúdos simbólicos, o que significa manter um processo contínuo de ampliação de suas vivências e experiências com os conhecimentos formais como ciências, artes, sistemas simbólicos, escrita, matemática, música. Partir das memórias que já estão formadas é um passo certeiro para a aprendizagem.

Esse trabalho de formação não pode ser apenas para os professores, precisa incluir a formação dos gestores. Sem a participação da gestão, não há possibilidade real para a instalação das práticas educativas para o aprendizado das crianças. Fazer a gestão do conhecimento e de pessoas e assegurar a integração das gerações na escola são desafios para os gestores enfrentarem no dia a dia. A interação e a formação continuada deles são tão importantes quanto a dos professores.

A principal demanda que os professores apresentam é a mais urgente! O conhecimento sobre a aprendizagem. É saber por que o aluno não aprende. Como formar novas memórias e como ampliar as memórias de longa duração para aprender os conhecimentos que compõem o currículo da escola. Memórias de longa duração são aquelas que se mantêm por períodos longos de tempo, quem sabe, pela vida toda.

As questões mais frequentes referem-se aos processos de alfabetização, de formação de conceitos. Os professores querem, também, saber como lidar com a frequente desatenção e imediatismo dos alunos e como fazer da escola, um espaço interessante. Para a maioria dos alunos, o mundo fora da escola é muito mais interessante.

Quantas são as vezes em que os professores ficam desmotivados e apreensivos no seu dia a dia de trabalho? Mas se entusiasmam quando veem em nossa orientação e em nosso acompanhamento, uma possibilidade de aprendizagem? Eleva a autoestima de todos na escola.

No Brasil, investe-se em materiais fechados, que o professor deve aplicar. Educar, no entanto, é muito mais do que isso, se considerarmos os vastos conhecimentos disponibilizados pela neurociência e, também, a própria história da escola, em seus mais de 5 mil anos de existência.

Educar é ampliar a experiência de cada aluno. Esta é a função primordial da escola, permitir a apropriação dos conhecimentos formais que englobam todas as ciências, as artes e os sistemas simbólicos.

A neurociência, como exemplo fundamental, é uma área que explicita as conexões que o cérebro realiza para se apropriar-se dos conhecimentos formais, os quais constituem o currículo que o professor desenvolve para que os alunos caminhem em seu processo de escolarização. 

Além de resgatar a importância das artes na vida e na escola. A neurociência mostra que há uma interdisciplinaridade no cérebro, onde redes neurais formadas a partir de uma prática são utilizadas em outros tipos de atividades. Por exemplo: tocar um instrumento musical lendo uma música contribui para atividades matemáticas e de escrita.

Atividades como desenhar, cantar e recitar, por exemplo, além de muito antigas da espécie humana, com certeza, levaram ao desenvolvimento cultural, científico e tecnológico que temos hoje. São atividades importantes para o desenvolvimento da criança. O ato de cantar, recitar e desenhar educa a atenção e exige persistência, trabalho contínuo para desenvolver o potencial que se encontra na espécie humana. Na infância é necessário que se desenvolva a função simbólica e a imaginação. Se essas atividades forem constantes, constituirão os melhores meios de se formar o cérebro infantil e de prepará-lo para a reorganização cerebral necessária para que a criança aprenda a ler e a escrever.

E aí entra a imaginação. Contemplar a imaginação no currículo da Educação Infantil e do Ensino Fundamental é o motor para a criação em todas as áreas e o recurso necessário na vida cotidiana para a solução de desafios e problemas que enfrentamos. Pela imaginação é possível promover boas mudanças na própria vida.

Por meio dessa imaginação, conteúdos aprendidos e acervos de memória são reorganizados, possibilitando nova abordagem no dia a dia. A imaginação depende da memória. Imaginamos a partir das experiências dos sentidos e do movimento, os acervos de memória. O desenvolvimento da sensibilidade e a educação dos sentidos são componentes importantíssimos no currículo escolar.

Nas aprendizagem de todos os conhecimentos, a imaginação participa diretamente, cria na mente o contexto mental daquilo que está sendo ensinado.

Na realidade, infelizmente, nem a Educação Infantil e nem o Ensino Fundamental, geralmente, ocupam-se do desenvolvimento da imaginação. Imaginar demanda tempo!


Referências
Pesquisa e autoria de Maria Elizete Serra Alves
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